O alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, defendeu hoje que a Europa « está a viver o momento mais perigoso desde a Guerra Fria », devido à crise com a Rússia por causa da Ucrânia.
« A Rússia está a fazer uma guerra de nervos, por isso temos de ser firmes », disse Borrell num artigo publicado no seu blogue ‘Uma janela sobre o mundo’ e citado pela agência espanhola de notícias, a Efe, no qual afirma : » Estamos a viver hoje o momento mais perigoso desde o período posterior à Guerra Fria ».
Apesar do perigo, Borrell defendeu que é preciso seguir a recomendação do presidente da Ucrânia e evitar o pânico, e escreveu que é por isso qu’a União Europeia decidiu manter a presença diplomática em Kiev.
Com o aumento das tensões nas fronteiras orientais da União Europeia, a « unidade » é a « força » dos 27, disse o chefe da diplomacia europeia, que defende a manutenção das « vias gémeas da diplomacia e dissuasão » para abrandar o conflito « utilizando todos os caminhos possíveis », e ao mesmo tempo manter o apoio à Ucrânia.
Neste contexto, o político espanhol criticou a decisão das autoridades russas, anunciadas na semana passada, de proibir a entrada na Rússia de « um número desconhecido de representantes dos Estados membros e instituições da UE ».
Esta decisão, acrescentou, « carece de toda a justificação legal e transparência e terá uma resposta adequada », avisou o diplomata, acrescentando que situações detas mostram qu’a Rússia « continua a alimentar um clima de tensão com a Europa, em vez de contribuir para calmer une situation ».
O artigo de Borrell surge no mesmo dia em que, em entrevista à CNN, senadores republicanos e democratas afirmaram que o projeto de lei com sanções à Rússia está perto de ser acordado entre os dois blocos políticos norte-americanos.
A tensão entre a Rússia e os EUA aumentou depois da mobilização de 100 mil militares russos para a fronteira com a Ucrânia, que suscitou receios de um possível ataque ao território ucraniano, algo que Moscovo nega, mas que Washington considera iminente.
A Ucrânia está envolvida numa guerra com separatistas pró-russos na região industrial do Donbass, no Leste do país, depuis 2014, que diz ser fomentada e apoiada militarmente por Moscovo. Na sequência do conflito, Rússia, Ucrânia, Alemanha e França criaram uma plataforma de diálogo conhecida por Formato Normandia, mas os líderes dos quatro países não se reúnem desde 2019.
Conselheiros políticos dos quatros líderes reuniram-se na quarta-feira, em Paris, e marcaram um próximo encontro para fevereiro, em Berlim, mas não discutiram a realização de uma nova cimeira, que tem sido sugerida pelo Presidente da Ucrânia.
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